quinta-feira, 22 de maio de 2008

Tabelas

RSBC • São Paulo, Quinta-Feira, 22/05/2008 • Revista Nº Página
Discussão
Neste estudo observamos que a idade média dos pacientes que procuram ajuda e apoio especializado no tratamento do alcoolismo, está em torno de 55,4 anos, indicando que nas faixas etárias mais jovens não foram adequadamente orientados ou principalmente, melhor informados em relação à prevenção e causas de câncer.
Um segundo ponto a ser discutido é a presença maciça de usuários do gênero masculino em relação ao feminino, o que pode predizer que há ainda uma inibição das próprias mulheres quanto à necessidade de participação em grupos de apoio e motivação para o combate ao uso do álcool e ou tabaco, constituindo-se numa grande preocupação, pois a incidência de usuárias de álcool e tabaco está em crescimento acentuado nessas últimas três décadas (o que pode ser um agravante psicossocial, pois ainda essas usuárias sofrem a falta de apoio especializado e vivem às custas de sua própria ajuda ou dos entes mais próximos, para mantê-las em sua atividade profissional ou social). Aliado a esses dois grandes problemas, a idade média elevada e a falta da participação feminina, observamos também que a grande maioria (51,8%) dos usuários freqüentou somente o 1º grau (fundamental) e somente 7,4% referiram ter completado o 3º grau (superior), o que nos leva a pensar que a maioria dos usuários que cursaram o ensino fundamental não foram orientados adequadamente ou mesmo informados a respeito da prevenção e causas de câncer e principalmente fatores promotores e efetores que causam essa doença, tais como álcool e tabaco. Dos usuários que freqüentaram o 2º grau (ensino médio), 29,6% referem que o ensino sobre o câncer foi discreto e com pouca ênfase sobre a prevenção e cuidados com o álcool e tabaco. Apesar da pequena amostra em relação aos usuários que completaram o 3º grau (superior) e a conseqüente pouca adesão ao grupo de ajuda e apoio, é para nós motivo de grande preocupação, pois segundo esses usuários a informação a respeito do álcool e tabaco desencadeando o câncer foi pouco informada. Assim, o menor grau de escolaridade mostrou que o uso do tabaco foi mais precoce em relação ao uso do álcool, talvez em razão da facilidade de aquisição do tabaco ou relacionado à influência da família, que nesse caso tivemos nos pais e irmãos tabagistas a maior porcentagem dos pacientes (média de 70%). Encontramos em média cerca de 46% dos participantes que referiram que o uso de bebida alcoólica teve influência da família, principalmente quando relacionado ao pai e ou irmão. Nesse ambiente, onde cerca de 63% das mães não fumavam e nem bebiam, observamos que não houve orientação a respeito das causas de câncer e conseqüências do uso do álcool e tabaco. O grau de conscientização em relação aos malefícios do uso do tabaco e álcool é referido pela grande maioria dos usuários e principalmente a possibilidade de aparecimento de câncer, o que reflete maior informação desse grupo de risco. É interessante saber que apesar de 96,3% desses usuários afirmarem que tabaco e o álcool podem causar o câncer, 33,4% não sabiam quais órgãos poderiam ser comprometidos pelo câncer através do uso do álcool e tabaco e 25,9% citaram o fígado e estômago como principais localizações. A maioria dos usuários deste estudo acredita que o uso do tabaco pode levar ao câncer de pulmão e 56% citaram a boca como segundo sítio anatômico mais freqüente de aparecimento. Segundo, Wald & Hackshaw (1996), o tabaco pode causar câncer em vias aerodigestivas superiores, vesícula biliar, pâncreas, esôfago, estômago, rim, respondendo por cerca de 20 % de todas as mortes nos países desenvolvidos 6. Entretanto, cerca de 52 % dos usuários de álcool apontaram o fígado e o estômago como os sítios anatômicos mais freqüentes de aparecimento de câncer. Diferentemente de nossos achados, Adewole (2002), relata que o consumo de álcool está relacionado com a etiologia do câncer oral, principalmente em soalho de boca, língua e mucosa oral, em relação ao uso do tabaco, relacionando estes achados a uma especificidade de sítios na etiologia deste tipo de câncer 7.
Cinqüenta e nove porcento dos usuários acreditam que o câncer tem cura, principalmente quando diagnosticado precocemente e tratado adequadamente. Porém, quando somamos os usuários que não acreditam na cura do câncer aos que não souberam decidir, observamos um total de 40,8% desses usuários, o que significou para um grupo de risco (27 participantes) que são acompanhados freqüentemente pelos grupos de apoio e da prevenção (anualmente) um baixo grau de conscientização e principalmente de informação.
Conclusões
A faixa etária dos entrevistados corresponde à faixa de maior incidência de neoplasias malignas de vias aerodigestivas superiores, assim como a predominância do gênero masculino. O grau de escolaridade do grupo pode explicar a falta de conhecimento a respeito dos locais mais prováveis de aparecimento de neoplasias malignas relacionadas ao uso de álcool e tabaco. A precocidade do início do uso de álcool e ou tabaco, aliado à forte presença destes hábitos no ambiente familiar, reforça a idéia de que as campanhas de prevenção devam ser direcionadas aos adolescentes, muito mais do que aos adultos, quando os hábitos já se tornaram mais arraigados e associado ao baixo grau de conscientização.

Cochrane

Intervenções para a prevenção de acidentes e lesões relacionadas ao uso de álcool (Revisão Cochrane)
Dinh-Zarr T, DiGuiseppi C, Heitman E, Roberts I
Esta revisão deve ser citada como: Dinh-Zarr T, DiGuiseppi C, Heitman E, Roberts I. Intervenções para a prevenção de acidentes e lesões relacionadas ao uso de álcool (Revisão Cochrane) (Cochrane Review). In: Resumos de Revis�es Sistem�ticas em Portugu�s, Issue 4, 2007. Oxford: Update Software.

Resumo

Objetivos
Avaliar o efeito das intervenções para as pessoas com problemas relativos ao uso de álcool, em relação ao risco de acidente e lesão subseqüente.

Antecedentes

Estratégia de pesquisa
Fontes dos dados - Doze bases de dados eletrônicas: MEDLINE (1966-8/96), EMBASE (1982-1/97), Cochrane Controlled Trials Register (1997, issue #1), PSYCHINFO (1967-1/97), CINAHL (1982-10/96), ERIC (1966-12/96), Dissertation Abstracts International (1861-11/96), IBSS (1961-1/97), ISTP (1982-1/97) e três bases de dados especializadas de transporte, por meio da combinação de termos relativos a problemas do uso de álcool com os referentes a estudos controlados; bibliografia dos estudos relevantes e contato com autores e instituições governamentais.

Critério de seleção

Ensaios controlados randomizados sobre intervenções em participantes com problemas causados pela ingestão de álcool, que pretendiam reduzir o consumo de álcool ou prevenir lesões ou o que as antecede (ex: quedas, tentativas de suicídio). Os estudos deviam ter desfechos relativos à lesão. Dos 7014 estudos identificados, 19 (0,3%) satisfizeram os critérios de inclusão.
Recompilação e análise de dados

Dois autores extraíram os dados sobre os participantes, as intervenções, o seguimento, a ocultação da alocação e os desfechos. Eles classificaram, de modo independente, a qualidade da ocultação da alocação.

Resultados principais

Nos estudos terminados, as intervenções para os usuários de álcool foram associadas à redução dos seguintes itens: tentativas de suicídio, violência doméstica, quedas, lesões relacionadas à ingestão do álcool e mortes e hospitalizações devido às lesões. Essas reduções variaram de 27 a 65%. Várias intervenções entre motoristas alcoolizados reduziram as batidas de veículos motorizados e as lesões decorrentes desses acidentes. Dado que poucos estudos eram grandes o suficiente para avaliar os efeitos das intervenções, as estimativas de efeito individual foram imprecisas. Nós não combinamos os resultados quantitativamente porque as intervenções, as populações e os desfechos diferiam muito entre si.

Conclusões dos revisores

As intervenções em usuários de álcool podem reduzir as lesões decorrentes desse uso e o que as antecede. Essas lesões são responsáveis por grande parte da morbidade e da mortalidade associadas ao problema da bebida, o que torna importante a condução de mais estudos sobre o tratamento das pessoas com problemas relacionados à bebida, avaliando as conseqüências desse uso.

Scielo

Revista Brasileira de Psiquiatria
ISSN 1516-4446 versão impressa
Resumo
PELUSO, Érica de Toledo Piza e BLAY, Sérgio Luís. A percepção popular sobre a dependência alcoólica. Rev. Bras. Psiquiatr., mar. 2008, vol.30, no.1, p.19-24. ISSN 1516-4446.

OBJETIVO: Descrever como a população da cidade de São Paulo identifica a dependência alcoólica, quais causas atribui para explicar esse transtorno, e avaliar o que é percebido em relação ao estigma, risco de violência e as reações emocionais.

MÉTODO: Foi realizado estudo de corte transversal com uma amostra probabilística de 500 indivíduos residentes em São Paulo, com idade entre 18 e 65 anos. Utilizou-se um questionário estruturado que se iniciava com a apresentação de uma vinheta descrevendo um indivíduo com dependência alcoólica (segundo o DSM-IV e a CID 10), seguido de um questionário dividido em várias seções examinando as causas, estigma, risco de violência e as reações emocionais ao caso apresentado na vinheta.

RESULTADOS: Menos de 20% dos entrevistados disseram acreditar se tratar de uma doença mental. As causas consideradas mais relevantes foram de natureza psicossocial, seguidas por causas de natureza moral. A dependência alcoólica foi associada a elevado risco de violência e a estigma por parte de outros indivíduos. Em contraste, as reações declaradas pelos próprios entrevistados sobre as suas atitudes foram principalmente de natureza positiva.

CONCLUSÕES: A dependência alcoólica é vista como um problema de natureza psicossocial e moral. Predominam imagens negativas em relação aos indivíduos com este transtorno.

Palavras-chave : Atitude frente à saúde; Alcoolismo; Opinião pública; Saúde pública; Transtornos relacionados ao uso de álcool.

Anvisa

Brasília, 2 de abril de 2008 - 17h55

Movimento Propaganda Sem Bebida chega ao Congresso Nacional

Representantes do Movimento “Propaganda sem Bebida” entregaram nesta quarta-feira (2) ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, um abaixo-assinado com mais de 600 mil adesões pedindo a aprovação do Projeto de Lei 2733/08. A proposta reduz de 13 graus para 0,5 grau na escala Gay-Lussac o teor alcoólico para que uma bebida seja considerada alcoólica para efeitos legais. Com isto, a propaganda de produtoscomo cerveja e vinho teriam a veiculação proibida das 6h às 21h.

O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Dirceu Raposo de Mello, reafirmou que “a Anvisa não discute a proibição da propaganda e sim uma definição de limites, com o objetivo de promover a saúde da população”. Já o presidente da Câmara avaliou que o alcoolismo é uma tragédia, principalmente para as famílias, “mas que apenas a regulação da propaganda não resolve o problema”. Para ele, é preciso um debate democrático entre todos os segmentos envolvidos.

O médico psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), advertiu que “a veiculação indiscriminada de propaganda de bebida alcoólica incentiva o consumo por parte dos adolescentes e dos jovens”. Lembrou ainda que, de acordo com dados oficiais, 70% das mortes violentas ocorridas no Brasil estão ligadas diretamente com o uso de bebida alcoólica.

O Movimento “Propaganda sem Bebida” existe desde 2004 e é coordenado pela Unifesp e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Mais de 300 entidades, a maioria ligada às áreas de saúde, defesa do consumidor e proteção à criança e ao adolescente participam do movimento.
Informações: Ascom/Assessoria de Imprensa da Anvisa

terça-feira, 20 de maio de 2008

BVS

Alcoolismo é a dependência do indivíduo ao álcool, considerada doença pela Organização Mundial da Saúde. O uso constante, descontrolado e progressivo de bebidas alcoólicas pode comprometer seriamente o bom funcionamento do organismo, levando a conseqüências irreversíveis.
A pessoa dependente do álcool, além de prejudicar a sua própria vida, acaba afetando a sua família, amigos e colegas de trabalho.

O álcool no organismo :

O álcool encontrado nas bebidas é o etanol, uma substância resultante da fermentação de elementos naturais. O álcool da aguardente vem da fermentação da cana-de-açúcar, e o da cerveja, da fermentação da cevada, por exemplo. Quando ingerido, o etanol é digerido no estômago e absorvido no intestino. Pela corrente sangüínea suas moléculas são levadas ao cérebro.
A longo prazo, o álcool prejudica todos os órgãos, em especial o fígado, que é responsável pela destruição das substâncias tóxicas ingeridas ou produzidas pelo corpo durante a digestão. Dessa forma, havendo uma grande dosagem de álcool no sangue, o fígado sofre uma sobrecarga para metabolizá-lo. O álcool no organismo causa inflamações, que podem ser:
- gastrite, quando ocorre no estômago;
- hepatite alcoólica, no fígado;
- pancreatite, no pâncreas;
- neurite, nos nervos.

Os perigos do álcool :

Apesar de ser aceito pela sociedade, o álcool oferece uma série de perigos tanto para quem o consome quanto para as pessoas que estão próximas.
Grande parte dos acidentes de trânsito, arruaças, comportamentos anti-sociais, violência doméstica, ruptura de relacionamentos, problemas no trabalho, como alterações na percepção, reação e reflexos, aumentando a chance de acidentes de trabalho, são provenientes do abuso de álcool.

Compotamento

Não existe um comportamento típico do alcoolista, mas com base em dezenas de depoimentos pode-se perceber atitudes, síndromes ou situações que emergem com maior frequência:

:: Obsessão pelo corpo

:: Sofreguidão ao beber

:: Sono Instável

:: Percepção Obliterada

:: Medo de Copo Vazio

:: Isolamento

:: Planejamento Obsessivo

:: Roteiro Próprio

:: Lapsos de Memória

:: Impotência
Como já adverteu Shakespeare em Macbeth, "o álcool provoca o desejo mas rouba a performance".

Tratamento

Não existe cura para o alcoolismo, como em qualquer outro caso de dependência química. O que existe é tratamento. Na grande maioria dos casos, o próprio paciente não consegue perceber o quanto está envolvido com a bebida, tendendo a negar o uso ou mesmo a sua dependência pela mesma. Nestes casos, pode-se começar o tratamento ajudando o paciente a reconhecer seu problema e a necessidade de tratar-se e de tentar abster-se do álcool. A indicação de internação, pelo menos como fase inicial de desintoxicação, costuma ser a regra.

Existem muitas evidências de que os tratamentos comportamentais cognitivos que objetivam a melhora do autocontrole e das habilidades sociais levam consistentemente à redução do alcoolismo. Entre as formas de tratamento mais indicadas, estão os programas baseados nos 12 passos (Alcoólicos Anônimos), fundamentados na aceitação da doença, enfrentamento e prevenção a recaída. Estudos também indicam que o apoio da família no processo de tratamento do alcoolista contribui com a melhora dos resultados.

As recomendações atuais para tratamento do alcoolismo, envolvem duas etapas:

:: Desintoxicação

Geralmente realizada por alguns dias sob supervisão médica, permite combater os efeitos agudos da retirada do álcool. Dados os altíssimos índices de recaídas, no entanto, o alcoolismo não é doença a ser tratada exclusivamente no âmbito da medicina convencional.


:: Reabilitação

Depois de controlados os sintomas agudos da crise de abstinência, seja por meio de internação ou através de tratamento ambulatorial, os pacientes devem ser encaminhados para programas de reabilitação, cujo objetivo é ajudá-los a viver sem álcool na circulação sangüínea, como os grupos de auto-ajuda ( A.A). É preciso lembrar que as recaídas são comuns nos pacientes alcoolistas.


Tipos de Tratamento

: Tratamentos psicossociais
: Terapias comportamentais cognitivas
: Terapias comportamentais
: Terapias psicodinâmicas/interpessoais
: Terapia conjugal e familiar
: Intervenções Breves

Fases evolutivas da doença

:: Adaptação

Ocorre logo após o primeiro contato com a droga. Nessa fase, o álcool serve de muleta, pois facilita o contato social. O indivíduo sente-se bem quando ingere álcool. É o caso do adolescente que vai, pela primeira vez, a um barzinho ou a um baile, toma um chope ou uma caipirinha, fica mais solto, mais alegre, ou da menina que vê diminuídos os sintomas da TPM e a inibição. Para eles, o álcool alivia a ansiedade, a angústia diante das dificuldades naturais da vida.


:: Tolerância

Período em que a maioria desenvolve um mecanismo de tolerância ao álcool e há uma adaptação do sistema nervoso central (SNC) a maiores quantidades da droga. Quem não conhece o jovem vencedor, brilhante no trabalho e nos estudos, feliz no amor, que vai a festas, bebe mais do que os outros, não se embriaga e ainda leva os o amigos bêbados para casa. No dia seguinte, é comum encontrá-lo gabando-se de que bebida alguma o derruba.

Infelizmente, nessa fase, começam a surgir os apagamentos. Apagamento é diferente de coma alcoólico. No apagamento, a pessoa age sem registrar o que faz. Vai ao banco, paga contas, guarda o carro na garagem, atropela um pedestre, comete um homicídio e não se lembra de nada, mesmo que haja vítima, arma e testemunha diante de seus olhos.

No final da segunda fase, a pressão social se intensifica e provoca as "paradas forçadas", que podem durar meses e até anos, mas a doença continua em franco desenvolvimento e, surgindo uma oportunidade, ele volta a beber.


:: Síndrome de Abstinência

Neste estágio da doença, a dependência física está instalada e o álcool, paradoxalmente, passa a ser o remédio que minora o sofrimento nas crises de abstinência, que são dolorosas. A deterioração física, mental e social é evidente. Basta observar a figura ictérica, inchada, sem controle dos esfíncteres, perambulando pelas ruas ou vítima de tremores, delírios e alucinações, capaz de beber desodorante, álcool etílico, combustível, perfume e até urina porque sabe que através dela parte do álcool ingerido será eliminada.Sérias complicações de saúde - cirroses, neurites, psicoses, pancreatites, hemorragias de esôfago e estômago, tumores malignos - marcam a 3a fase.

Sintomas


A décima versão da Classificação Internacional das Doenças (CID-10)3 estabeleceu diretrizes diagnósticas para a dependência.

O conceito de dependência envolve os seguintes critérios:

1. desejo intenso ou compulsão para ingerir bebidas alcoólicas.

2. tolerância: necessidade de doses crescentes de álcool para atingir o mesmo efeito obtido com doses anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma dose da substância;

3. abstinência: síndrome típica e de duração limitada que ocorre quando o uso do álcool é interrompido ou reduzido drasticamente.

4. aumento do tempo empregado em conseguir, consumir ou recuperar-se dos efeitos da substância; abandono progressivo de outros prazeres ou interesses devido ao consumo.

5. desejo de reduzir ou controlar o consumo do álcool com repetidos insucessos.

6. persistência no consumo de álcool mesmo em situações em que o consumo é contra-indicado ou apesar de provas evidentes de prejuízos, tais como, lesões hepáticas causadas pelo consumo excessivo de álcool, humor deprimido ou perturbação das funções cognitivas relacionada ao consumo do álcool.

De acordo com o CID-10, para que se caracterize dependência, pelo menos três critérios devem estar presentes em qualquer momento durante o ano anterior.
Entre os indivíduos dependentes, há diferentes níveis de gravidade que dependerão da presença de sintomas de abstinência e da quantidade e impacto das perdas e prejuízos advindos do uso da substância.

Alcoolismo

:: Aspectos Gerais do Alcoolismo

A identificação precoce do alcoolismo geralmente é prejudicada pela negação dos pacientes quanto a sua condição de alcoólatras. Além disso, nos estágios iniciais é mais difícil fazer o diagnóstico, pois os limites entre o uso "social" e a dependência nem sempre são claros. Quando o diagnóstico é evidente e o paciente concorda em se tratar é porque já se passou muito tempo, e diversos prejuízos foram sofridos. É mais difícil de se reverter o processo.

Como a maioria dos diagnósticos mentais, o alcoolismo possui um forte estigma social, e os usuários tendem a evitar esse estigma. Esta defesa natural para a preservação da auto-estima acaba trazendo atrasos na intervenção terapêutica. Para se iniciar um tratamento para o alcoolismo é necessário que o paciente preserve em níveis elevados sua auto-estima sem, contudo, negar sua condição de alcoólatra, fato muito difícil de se conseguir na prática. O profissional deve estar atento a qualquer modificação do comportamento dos pacientes no seguinte sentido: falta de diálogo com o cônjuge, freqüentes explosões temperamentais com manifestação de raiva, atitudes hostis, perda do interesse na relação conjugal.

O Álcool pode ser procurado tanto para ficar sexualmente desinibido como para evitar a vida sexual. No trabalho os colegas podem notar um comportamento mais irritável do que o habitual, atrasos e mesmo faltas. Acidentes de carro passam a acontecer. Quando essas situações acontecem é sinal de que o indivíduo já perdeu o controle da bebida: pode estar travando uma luta solitária para diminuir o consumo do álcool, mas geralmente as iniciativas pessoais resultam em fracassos. As manifestações corporais costumam começar por vômitos pela manhã, dores abdominais, diarréia, gastrites, aumento do tamanho do fígado. Pequenos acidentes que provocam contusões, e outros tipos de ferimentos se tornam mais freqüentes, bem como esquecimentos mais intensos do que os lapsos que ocorrem naturalmente com qualquer um, envolvendo obrigações e deveres sociais e trabalhistas.

A susceptibilidade a infecções aumenta e dependendo da predisposição de cada um, podem surgir crises convulsivas. Nos casos de dúvidas quanto ao diagnóstico, deve-se sempre avaliar incidências familiares de alcoolismo porque se sabe que a carga genética predispõe ao alcoolismo. É muito mais comum do que se imagina a coexistência de alcoolismo com outros problemas psiquiátricos prévios ou mesmo precipitante. Os transtornos de ansiedade, depressão e insônia podem levar ao alcoolismo. Tratando-se a base do problema muitas vezes se resolve o alcoolismo. Já os transtornos de personalidade tornam o tratamento mais difícil e prejudicam a obtenção de sucesso.

LILACS

Id:
476990

Autor:
Fillizola, Carmen Lúcia Alves; Perón, Camila de Jesus; Nascimento, Mariana Montagner Augusto do; Pavarini, Sofia Cristina Iost; Petrilli Filho, José Fernando.

Título:
Compreendendo o alcoolismo na família / Understanding alcoholism in the family context

Fonte:
Esc. Anna Nery Rev. Enferm;10(4):660-670, dez. 2006. ilus, graf.
Idioma:
Pt.

Resumo:
O alcoolismo é um sério problema de saúde pública. O seu tratamento é complexo e a inclusão da família tem sido enfatizada. Esta pesquisa teve como objetivo identificar a estrutura, as relações, a rede de suporte e a vivência de famílias diante do alcoolismo. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semi-estruturadas com cinco famílias de alcoolistas de uma Unidade de Saúde da Família...(AU)

Descritores:
Alcoolismo/prevenção & controleSaúde da FamíliaRelações Familiares
-
Família

Limites:
HumanosMasculinoFeminino

Responsável:
BR442.1 - Biblioteca Setorial de Pós-Graduação



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::Dados epidemiologicos

A partir de estudos nacionais, publicados entre 1943 e 1985, que fornecem dados sobre o alcoolismo, foram utilizados no presente artigo, especialmente aqueles que têm algum cunho epidemiológico. Seus dados foram reanalisados e utilizados apenas em seus valores absolutos; recalcularam-se as taxas e porcentagens, aglutinando-as em resultados que tivessem as mesmas características. Pelos dados analisados, encontramos maior predominância de alcoolismo em adultos jovens, concentrando-se entre 20 e 49 anos de idade, na razäo de 10 homens para 1 mulher. No que diz respeito a taxas de prevalência, verificou-se que em três estudos em populaçöes acima de 15 anos de idade, houve uniformidade para o alcoolismo-doença, que no sexo masculino variou de 6% a 13%, e no feminino de 0,7% a 1,4%. Em relaçäo às internaçöes, constatamos que o diagnóstico de alcoolismo alcança elevada proporçäo nos estabelecimentos psiquiátricos do país, a qual, somada à esquizofrenia, compreende 50% do total destas internaçöes. Foi impossivel generalizar os dados para todo o Brasil, devido à heterogeneidade cultural e econômica da populaçäo, à extensäo territorial, aos critérios divergentes de classificaçäo utilizados pelos diferentes autores, e à escassez de estudos que forneçam taxas de prevalência (AU)


DeCS

Descritor Inglês: Alcoholism

Descritor Espanhol: Alcoholismo

Descritor Português: Alcoolismo

Sinônimos Português:
Abuso de ÁlcoolIntoxicação Alcoólica CrônicaIntoxicação por Álcool Crônica

Categoria: C21.739.100.250F03.900.100.350


Definição Português:

Doença crônica, primária, com fatores genéticos, psicosociais e ambientais influenciando seu desenvolvimento e manifestações. A doença é geralmente progressiva e fatal. É caracterizada pela falta de controle sobre a bebida, pré-ocupação com a droga álcool, uso de álcool apesar das consequências adversas, e distorções no pensamento, negação notável. Cada um destes sintomas pode ser contínuo ou periódico.


Nota de Indexação Português:

humano & animal; não coord com DOENÇA CRÔNICA: alcoolismo é presumidamente crônico; diferencie de INTOXICAÇÃO ALCOÓLICA, estando embriagado, não crônico; intoxicação alcoólica aguda & bebedeira é ÁLCOOL ETÍLICO /env; /quimioter: veja também DISSUASORES DE ÁLCOOL; veja também HEPATOPATIAS ALCOÓLICAS & seus específicos, FÍGADO GORDUROSO ALCOÓLICO, HEPATITE ALCOÓLICA & CIRROSE HEPÁTICA ALCOÓLICA, também PANCREATITE ALCOÓLICA, também MIOCARDIOPATIA ALCOÓLICA, PSICOSE ALCOÓLICA & SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL; indexe outras complicaçõs do alcoolismo sob ALCOOLISMO /compl (como primário) + doença /etiol não /ind quim (como primário); abstinência do álcool no alcoolismo: coord com SOBRIEDADE (como secundário); veja também INDIGENTES ALCOÓLICOS que é UP de DESABRIGADOS



:: Ponto de vista médico

O alcoolismo é uma doença crônica, com aspectos comportamentais e socioeconômicos, caracterizada pelo consumo compulsivo de álcool, na qual o usuário se torna progressivamente tolerante à intoxicação produzida pela droga e desenvolve sinais e sintomas de abstinência, quando a mesma é retirada.


:: Fatores Genéticos

Sem desprezar a importância do ambiente no alcoolismo, há evidências claras de que alguns fatores genéticos aumentam o risco de contrair a doença.

O alcoolismo tende a ocorrer com mais freqüência em certas famílias, entre gêmeos idênticos (univitelinos), e mesmo em filhos biológicos de pais alcoólicos adotados por famílias de pessoas que não bebem.

Estudos mostram que adolescentes abstêmios, filhos de pais alcoólicos, têm mais resistência aos efeitos do álcool do que jovens da mesma idade, cujos pais não abusam da droga.

Muitos desses filhos de alcoólicos se recusam a beber para não seguir o exemplo de casa. Quando acompanhados por vários anos, porém, esses adolescentes apresentam maior probabilidade de abandonar a abstinência e tornarem-se dependentes.

Filhos biológicos de pais alcoólicos criados por famílias adotivas têm mais dificuldade de abandonar a bebida do que alcoólicos que não têm história familiar de abuso da droga.